Como se Perder no Mato

Depois que me aposentei, além de exercer assessorias em várias entidades e dar consultoria a grupos, além de editar o jornal polônico Lud, editar boletins e revistas, passei a trabalhar com a empresa do meu colega de Copel, Rubens Habitzreuter, a AGL. O primeiro grande desafio foi em Lages, num contrato com a Votorantim, Alcoa e Departamento de Energia de uma cidade de Minas, trabalho que já descrevi em outro aporte.

Enquanto a licença ambiental não saía para o projeto da Hidrelétrica Paiquerê, no Rio Pelotas, em Lages, São Joaquim e Bom Jesus, tivemos um contrato de Pequenas Centrais Hidrelétricas no Paraná, nos municípios de Palmas, Coronel Domingos Soares, Bituruna, Prudentópolis, Salgado Filho e Turno. Era o tradicional e costumeiro serviço de consultoria de comunicação social, facilitando os efeitos positivos e negativos dos projetos junto às comunidades. Uma forma do empreendedor mostrar claramente os benefícios com mais usinas hidrelétricas e oferta de mais empregos nos Municípios.

Um dia, véspera de feriado, o setor jurídico da empresa que nos contratou pediu que verificássemos uma propriedade que estava sob os cuidados de um vizinho, pois havia denúncias de que ele estava retirando árvores do local e as vendendo para serrarias. O dia estava brusco, com possibilidades de chuva, e lá fui eu com minha caminhonete até aquela propriedade. Passei na casa do vizinho, que não se encontrava e me dirigi até a pequena entrada do local ´zelado´ por ele. Precisava avaliar os estragos e deixei meu veículo na estradinha. Subi o morro, mais de 500 metros, bem íngreme e senti o início de uns pingos caindo e aumentando..

Pensei que a andada fosse rápida e me enganei. Usava uma calça jeans grossa e larga e comecei a ter dificuldades para continuar. A chuva aumentou e eu continuei, com um peso cada vez maior no corpo. Era a calça molhada pesando mais. Mas, pensei, vou conseguir. Cheguei com muito esforço ao topo e a uma clareira, visivelmente devastada pelo ´cuidador´. Resolvi descer o morro por um outro caminho, imaginando chegar ao local onde deixei o carro.

A descida foi cada vez mais complicada e demorada. O barro e a água dificultavam meu andar, caí algumas vezes na capoeira e tentei ir adiante. Cortei caminho por uma picada, crendo estar no rumo certo. Depois de mais de três horas, já me sentindo perdido, chego a um riacho que me colocou em certa dificuldade. Chovia forte e a água estava subindo. Andei por uns cem metros para poder transpô-lo e chegar num potreiro. Nada de achar a estrada. O corpo mole de tanto carregar a calça e as roupas encharcadas.

Tive que subir numa alta cerca de madeira e pulá-la. Encontro uma pequena estrada e continuo subindo até uma bifurcação com a estrada onde teria deixado meu carro. Desolado, cansado e muito bravo por ter me perdido naquele mato, andei uns dois quilômetros até chegar no veículo. Tinha levado, sim, umas cinco horas no mato. Fiz desde manhã uma caminhada em V ao contrário.

Sabem aquela frase de estar perdido no mato sem um cachorro? Os meus cachorros eram os mentais, nessa aventura…

  1. M Tereza disse:

    Rindo de rachar.

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