Sei, sim, estar numa idade longeva, mas me instigo a fazer uma reflexão sobre o presente e o futuro de nossa organização internacional, o Rotary.
Pego ontem, de surpresa, num pedido do nosso presidente Barbeta para falar sobre a história da mulher em Rotary, fiz um improviso do que conheci sobre o assunto e revelei algumas facetas. Lembro que o Rotary Araucária Passauna tem menos de dois anos e é integrado por nove mulheres e seis homens.
O assunto da entrada da mulher em Rotary começou em 1950, quando um clube da Índia propõe emenda para eliminar a palavra “masculino” dos Estatutos. Em 1964, o Conselho de Legislação analisa proposta de um clube de Ceylon (hoje Sri Lanka) para admitir mulheres em Rotary e seus delegados aprovam a retirada da emenda. Outras duas propostas para tornarem mulheres em sócias honorárias também foram retiradas.
Em 1972, com mulheres se destacando em profissões, surgem mais três propostas no sentido de admiti-las. Um clube dos EUA propõe a mesma situação. Em 1977, mais três propostas são apresentadas e até um clube brasileiro sugere que as mulheres sejam admitidas como honorárias. Nesse mesmo ano, o Rotary de Duarte, EUA, admite mulheres em seu quadro social e, por violar os Estatutos do RI, é desativado em março de 1978, somente readmitido em setembro de 1986.
No período de 1983-86, num processo movido pelo clube de Duarte, em 1983, o Tribunal Superior da Califórnia dá vitória ao Rotary International mantendo que mulheres não deveriam ser admitidas em clubes naquele Estado. Em 1986, o mesmo tribunal da Califórnia reverte a decisão, evitando que a provisão fosse adotada. A Suprema Corte da Califórnia se recusa a ouvir o caso, encaminhando o tema à Suprema Corte dos EUA.
Em 1987, a Suprema Corte dos EUA decide que Rotary Clubs não podem impedir a admissão de mulheres em seu quadro associativo. O Rotary declama, então, que qualquer Rotary Cub nos EUA tem permissão de admitir mulheres qualificadas. Em 28 de maio, é fundado o Rotary Club de Marin Sunrise, na Califórnia, tornando-se o primeiro clube a admitir mulheres, depois da decisão da Suprema Corte. Assim, Sylvia Whitlock, do RC de Duarte, Califórnia, foi a primeira mulher a ser presidente de um Rotary Club.
Em 1988, o Conselho Diretor do RI reconhece o direito de Rotary Clubs no Canadá de admitirem mulheres, com base de uma lei canadense semelhante à decidida pela Suprema Corte dos EUA. No ano seguinte, 1989, em sua primeira reunião depois das decisões pelas Cortes dos EUA e do Canadá, o Conselho Diretor reconhece a admissão de mulheres em tdos os clubes do mundo. No Conselho de Legislação , em Singapura, em 1989, houve a aprovação da proposta eliminando as palavras “do sexo masculino”, segundo me informa o querido governador Sérgio Levy, então representando como delegado o Distrito 465, que era sócio do RC Florianópolis Leste.
Dez anos depois, a revista The Rotarian publica artigo sobre mulheres em Rotary, já associadas 20.020 mulheres com profissões qualificadas. Em 1995, em julho, oito mulheres se tornam as primeiras mulheres de distrito: Mimi Altman, Gilda Chirafisi, Janet W Holland, Reba F. Lovrien, Virginia B.Nordby, Donna J. Rapp, Anne Robertson e Olive P. Scott.
Já em 2005, Carolyn Jones inicia seu mandato como a primeira mulher a servir como curadora da Fundação Rotária. Em 2008, Catherine Noyer-Riveau assume mandato de diretora, tornando-se a primeira mulher a integrar o Conselho Diretor do RI.Em 2012, Elizabeth Demaray começa seu mandato como a primeira mulher a servir como tesoureira do RI. Em 2013, Anne Mathews inicia mandado como a primeira mulher vice-presidente do RI.
Em 2019, Brenda Marie Cressey inicia mandato como a primeira mulher a servir na função de vice-chair da Fundação Rotária e, entre abril e junho de 2019, ela foi a chair da Fundaçao, sendo a primeira mulher a servir na função.
E, em 2020, em outubro, Jennifer Jones, do Canadá, torna-se a primeira mulher inidicada à presidência do Rotary International, atualmente no cargo desde 1 de julho de 2022.
Resumo, aqui, uma lembrança de um grande amigo do meu ano como governador, em 1996-97, o companheiro de Natal, Arnaldo Gaspar, que brincava sempre em nossos encontros com a exclamação “A Luta É Grande, Vamos ao Shopping!”: parafraseando-o, reconheço que sim, a Luta não é grande, foi grande no caso da entrada e projeção das mulheres em Rotary!.
(Extraído do site rotary.org)
Miecislau Surek, sócio do RC de Araucária Passauna, governador 1996-97 do D 4730 e acadêmico da cadeira 13 (Luis Vicente Giay) da Academia Brasileira Rotária de Letras – PR
(9 de março de 2013)