Essa lembrança vem dos tempos em que eu, bagrinho no jornalismo, fui encarregado de elaborar e publicar artigos sobre as histórias das igrejas de Curitiba. Acho que os editores estiveram brincando comigo, pois logo descobri que o jornal Última Hora estava sendo atacado em todos os púlpitos pelo fato de ser um veículo da esquerda, comunista e que estava revelando muita coisa fora do contexto da sagrada igreja católica.
Novato nas entrevistas, fui em várias igrejas e quase nada os vigários me davam, dizendo que deveria buscar os arquivos na sede da Cúria, ali no Alto São Francisco. Quando me revelava ser do jornal, eles se esquivavam.
Sem marcar horário, fui na sede e na recepção disse o que almejava. Tive que explicar que nosso jornal queria fazer matérias sobre as igrejas e etc. e tal. Levei horas sentado na saleta e nada de me atenderem. Num momento, surgiu um padre que depois soube ser o bispo auxiliar, dom Pedro Fedalto. Bastante compreensivo, conversamos um pouco, me apresentei como ex-seminarista e ele me forneceu várias publicações que embasaram meus artigos.
Conto esta lembrança por ter visto estes dias o arcebispo Fedalto, aos 96 anos, já aposentado, recebendo uma homenagem do prefeito Greca depois de oficiar uma missa. Vieram à mente esses momentos dif´íceis de buscar dados para praticar o jornalismo num jornal “comunista”, como chamava o vigário da Igreja São Cristóvão, na Vila Guaira, frequentada pela minha piedosa mãe Anna.